Sunday, April 10, 2016

As Consequências do amor, por Sulaiman Addonia



Sinopse

Jidá, fim dos anos 1980. Depois de turbulência política em sua terra natal, Naser, um jovem eritreu de 20 anos, foi obrigado a emigrar para a Arábia Saudita. Lá as mulheres vivem escondidas sob véus, os homens possuem plenos poderes, e a justiça dos ricos e poderosos prevalece. Naser cresceu em um clima brutal; seus menores gestos e movimentos são vigiados pela polícia religiosa, enquanto a vida é ritmada pelos sermões estridentes do implacável imame da mesquita local. Inesperadamente ele recebe uma mensagem de amor escrita por uma desconhecida. Desafiando políticos e líderes religiosos, Naser se entrega a essa paixão, arriscando sua vida se for descoberto. Uma comovente história de amor proibido, em uma Arábia Saudita efervescente e opressiva.


     Um dos livros mais surpreendentes que já li. Uma história que contraria clichés islâmicos e amores proibidos; que tem o poder de tocar em qualquer leitor apaixonado pelo amor - ou pela sagacidade em persegui-lo como seu último fim. 
     "As Consequências do Amor" foi um livro que comprei por acaso e fiz leitura conjunta com uma amiga muito querida. Primeira experiência que tenho do tipo, e que diga-se de passagem, mostrou-se ser uma estratégia muito enriquecedora.
     Naser é um rapaz eritreu que ainda quando criança foi obrigado a deixar a mãe em sua terra natal, e emigrar para a Arábia Saudita por motivos de conflitos políticos, onde passou a viver com seu tio e seu irmão mais novo. Em Jidá a vida não era fácil; os mais ricos e poderosos ditavam as leis e os civis eram controlados por um sistema de polícia religiosa que visava garantir o cumprimento das 'leis da fé' estabelecidas com base no 'Islã'. Nem perto do amor e da compaixão pregados por essa crença, esse sistema tinha a real intenção de controlar os cidadãos moradores daquela região, e seu modo de vida.
     Com um background de perdas, dificuldades econômicas, abusos sexuais e injustiças, Naser não mantinha uma forte crença na religião que lhe era imposta por seu país, mas tinha aceso dentro de si uma busca pelo amor, o qual ainda era uma incógnita. A Arábia Saudita, diferente da Eritreia, mostra-se como uma nação de dominação patriarcal, onde o valor feminino é reduzido, muitas vezes inexistente e escondido. Por baixo dos véus rigorosamente arranjados para que as feições femininas não 'provoquem os homens', as mulheres formavam um grupo paralelo à existência e predominância masculina nas lideranças e nas ruas. 
     Mesmo nesse contexto controlado por ricos, poderosos, líderes e polícia religiosa, um ato de rebeldia perante a esse sistema é realizado por uma jovem de coragem, ao deixar cair um bilhete de amor ao caminhar, aos pés de Naser. Poderia ser uma armadilha da polícia? Ou uma zombação?
     Determinado a acreditar que o amor puro poderia existir, eles começam a se comunicar por bilhetes e estratégias bem calculadas para não serem pegos. E aqui está a prova da força do amor e do quanto esta pode nos alimentar nos momentos em que mais precisamos de força. Esse foi o instante em que a história de Naser de fato me conquistou; esse jovem casal lutava para burlar esse sistema que não permitia que se vissem. De pouco a pouco foram ganhando confiança um no outro, de modo que Naser passou a vestir-se com o véu (abaya) para conseguir permissão de entrada na casa da jovem, pela ala feminina. 
     O próprio ato de se comunicarem já era um desafio e prova de amor por ele mesmo. A vida da jovem desconhecida e de Naser começava a tomar rumos que sempre sonharam ao entregarem-se a essa paixão repentina, mas agora lidam com um jogo de estratégias e audácia para não serem descobertos. A jovem, por sua vez apresenta-se como uma pensadora crítica, ao apoiar a força feminina e não baixar a cabeça para o sistema que a oprime como ser humano.
     Além de um simples amor proibido e ideologia Islâmica, esta é uma história de inteligência sentimental. E o que torna o livro ainda mais rico em seus termos, é o fato de que o autor, Sulaiman Addonia, tenha nascido na Eritreia e vivido também em Jidá, na Arábia Saudita. Muitas vezes nos deparamos com histórias que abordam esses temas polêmicos, contudo são escritas não por nativos de seus meios, mas por ocidentais, que além de serem influenciados pela visão de sua própria cultura, carregam uma bagagem alimentada por uma mídia julgadora, que ao moldarem as notícias e fatos, em conjunto, tornam quase impossível que haja imparcialidade na abordagem de assuntos delicados referentes ao estilo de vida de países africanos e do Oriente Médio. 
    Um ponto interessante é como o autor deixa claro em vários momentos da história a hipocrisia que há por trás de toda a máscara religiosa de conduta correta, existente principalmente entre o imame e seus colaboradores nas mesquitas e a polícia religiosa. Sendo ele mesmo nativo dessa região, não podemos afirmar que estas informações sejam de caráter injusto. 
     Penso que talvez esta tenha sido a própria história de vida de Sulaiman Addonia. Por que não? Enquanto estamos cercados pela mídia ocidental e concepção popular que traz a ideia de inferiorização do povo de crença islâmica, é saudável que nos cerquemos do pensamento crítico e de pesquisas de fontes confiáveis acerca desse assunto.
Sobretudo, apesar de um contexto triste, esta história nos conquista e nos puxa página após página, sendo a coragem um grande atrativo ao ser humano, principalmente quando ela lhe é necessária para viver. 
     

Trechos: " - A lei, filho - respondeu-me com um suspiro -, só é aplicada contra os pobres e estrangeiros, não serve para os ricos nem para a família real."
" E como pode afirmar que a razão para impedir as mulheres de serem governantes é que somos emocionalmente fracas e sangramos? Se ele conseguisse enxergar, poderia subir ao minarete de sua mesquita e olhar para o outro lado do Mar Vermelho na direção dos países africanos, onde muitas rainhas governaram alguns dos mais eminentes reinos que já existiram. Se alguém lesse para ele livros sobre a história desses países, ele conheceria Sabá, Cleópatra, Nefertiti, bem como saberia que o antigo reino de Núbia foi controlado por rainhas durante um período muito maior que os anos que ele tem de vida."



Depressão pós-livro: 95%
Avaliação Final: 100%



1 comment:

  1. Nachdem ich in der Vergangenheit verschiedene Versionen des TAG Heuer Monaco getragen habe (aBlogtoWatch TAG Heuer Monaco Calibre 12 hier),replica uhren kann ich sagen, dass meiner Meinung nach die Kollektion und die ikonische Gehäuseform eine so erfolgreiche Formel sind: „rund und doch quadratisch " Design. In jüngerer Zeit hat aBlogtoWatch eine ähnliche Version dieser limitierten TAG Heuer Monaco-Uhr von 1969-1979 mit dem Kaliber 11-Uhrwerk getestet.rolex replica Das automatische Chronographenwerk Kaliber 11 positioniert die Krone und die Chronographenschieber in der ursprünglich von TAG Heuer beabsichtigten Weise, als die Kollektion 1969 auf den Markt kam.fake rolex Dadurch befinden sich die Krone und die Chronographenschieber auf der linken Seite des Gehäuses.

    ReplyDelete